segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ainda algumas considerações sobre Ciência e conhecimento

Longe de pôr em dúvida a eficácia da Ciência para a obtenção de conhecimento, nestas considerações viso desenvolver a idéia de que o método científico não é o único capaz de validá-lo cabalmente. Ao contrário, dependendo do estágio em que se ache a pesquisa científica em dado assunto, mais razoável se torna desconsiderá-lo na prática.
O ser humano não é "científico" em sua conduta natural e diária. Se tentasse sê-lo, não daria um passo sequer.
Não é científico supor que o sol nascerá amanhã, nem que estaremos vivos dentro de dez minutos, mas fazemos planos para daqui dez ou vinte anos. Menos científica ainda é a certeza de que não houve um erro de industrialização, e ao invés de saponáceo introduziram um ácido corrosivo no sabonete; nem por isso deixamos de passar o produto no corpo, sem hesitar, durante o banho.
Na verdade, o que estabelece nossa conduta normal e diária é justamente a fé. Temos fé, e por isso prosseguimos vivendo, trabalhando, planejando. Não fosse essa fé cega, todos ficariam parados, aguardando a morte, pois esta é a única certeza absoluta de que realmente dispomos: além da própria morte, não temos certeza de mais nada (há quem diga jocosamente que, além da morte existe a certeza do imposto, mas esquecem-se de que o governo poderia deixar de existir por qualquer razão, catastrófica ou revolucionária).
E, como não podería deixar de ser, temos também fé na Ciência. Entre a afirmação de um cientista de Oxford, devidamente paramentado em seu jaleco e aquela simploriamente emitida por um caipira do mato, evidentemente ficamos com aquela, não é? Depende de onde estamos. Eu, pessoalmente, se estiver no meio do mato, prefiro acreditar no caipira.
A nossa fé na Ciência, contudo, não pode extrapolar substancialmente aquilo que ela própria se propõe a nos oferecer. O método científico possui seu âmbito de atuação e além deste se invalida, torna-se ineficaz. É cientificamente possível estabelecer o modo de fabricação de uma determinada arma e sua utilização eficaz. Mas para o que ou quem você vai apontar e disparar essa arma já não está na esfera científica. Isto pertence à esfera moral. Qualquer tentativa de estender o âmbito da Ciência para esferas estranhas à sua capacitação pode ser tida por ilegítima.
Estamos imersos em uma realidade material, de causa e efeito, de espaço-tempo, na qual à força de observações e métodos empíricos-indutivos, a Ciência consegue atuar eficazmente. Quando, no entanto, ela se aproxima de determinados limites - mencionarei um logo a seguir - , ela começa a deduzir consequências que beiram a insanidade.
Através do método científico os cosmologistas erigiram um teoria consistente para a origem do Universo - o chamado "big-bang": observado que o Universo se expandia a uma taxa de aceleração constante, e considerados outros elementos, como o chamado desvio espectral para o vermelho, etc., os cientistas deduzem que o Universo, há cerca de 13 bilhões de anos, teve origem em um ponto infinitamente denso, que a partir de um momento (chamado "zero") "explodiu", gerando todos os fenômenos físicos e químicos existentes.
Estranhamente, isto não é nenhuma novidade para quem lê os Vedas há pelo menos cinco mil anos. As Escrituras hindus contam exatamente a mesma coisa. Mas há uma diferença: enquanto os cientistas "patinam" no desconhecido, erigindo hipóteses as mais absurdas para deduzir as causas do fenômeno, de acordo com uma visão materialista que seja minimamente consistente (pois a pior heresia, coisa simplesmente impensável, seria aventar a hipótese de uma supraconsciência ter acionado o gatilho do "big-bang" volitivamente), os Vedas dão sua versão do ocorrido justamente utilizando a hipótese da supraconsciência, pois não estão vinculados ideológicamente ao materialismo, como o está a Ciência.
Esta vinculação ideológica, que a Ciência se impôs, não por ela mesma, mas por razões históricas estranhas ao seu próprio método, a limita e constrange, não permitindo ir além. Se a revelação védica posta há pelo menos cinco mil anos, descreve em detalhes a mesma teoria que a Ciência criou recentemente para a explicação da origem do Universo, não é razoável supor que esta revelação traga a verdade por inteiro?
Questão de fé. Talvez algo além do que a fé, e sim de opção ideológica em transpor as barreiras insanas de um materialismo históricamente colocado por interesses que não estão exatamente visando o conhecimento, mas o interesse próprio de grupos determinados.

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