quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Os três crivos de Sócrates

Certa feita, um homem esbaforido
achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos seus
ouvidos:
- Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para

dizer-te, em particular...
Espera!- ajuntou o sábio prudente- já passastes o que me vai dizer

pelos três crivos?

-Três crivos?- perguntou o visitante, espantado,

- Sim, meu caro amigo, três crivos,
Observemos se tua confidência passou por eles.
O primeiro é
o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza
quanto aquilo que pretendes comunicar?

-Bem- ponderou o interlocutor- assegurar mesmo,
não posso... Mas ouvi dizer e...então...

- Exato, Decerto peneiraste o assunto pelo
segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja
real o que julga saber, será pelo menos bom
o que me queres contar?

Hesitando, o homem replicou:
- Isso não... Muito pelo contrário...

- Ah - tornou o sábio - então recorramos ao
terceiro crivo,o da utilidade, e notemos o
proveito do que tanto te aflige.

-Útil?- aduziu o visitante ainda agitado - útil
não é...- Bem- rematou o filósofo num sorriso – se
o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom
e nem útil, esqueçamos o problema e não te
preocupes com ele, já que nada valem casos
sem edificação para nós!...

Aí está, meu amigo,
a lição de Sócrates,
em questão de maledicências.

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