Ofereço aos interessados a sequência da tradução de Ciência Confidencial da Bhakti Yoga. Peço sinceras desculpas por eventuais falhas, pois este trabalho será futuramente submetido a uma revisão, estou postando o texto em uma primeira mão, a àqueles que puderem postar eventuais correções, agradeço muitissimo. Para possibilitar isto, posto aqui o link original do texto em espanhol:
http://www.vrindavan.org/vrinda/libros/confidencial/index.htm
DOCE LAR
CAPÍTULO DOIS
A NECESSIDADE PRIMORDIAL
Nosso lar está pleno de liberdade, de comodidades, de tudo. É um lugar onde existe uma comunicação natural de fé, amor, afeto, etc. É inconcebível. Os Upanisads dizem: "Não te aventures a compreender o plano impensável com tua razão. Esse plano realmente está além da capacidade de teu pensamento. Aqui embaixo há um jogo diferente de leis. Teus cálculos matemáticos e conclusões neste mundo estão relacionados com pontos, planos e sólidos. Atualmente és um homem no mundo dos sólidos e tens uma associação limitada com planos e pontos de uma forma abstrata. Então como podes calcular sobre coisas mais elevadas, das quais não tens conhecimento? As formas de vida e leis desse país são desconhecidas para ti; assim, não tentes debater acerca disso. Esse plano é de uma natureza completamente diferente".
Se teu entendimento está limitado às leis da água, como então podes calcular sobre o ar? De forma semelhante, se estás familiarizado somente com as leis do ar, como podes calcular algo da esfera do éter? Em consequência, não tentes trazer ao teu laboratório experimental aqueles assuntos, os quais estão além da capacidade de teu pensamento, pois isso seria uma tolice.
As coisas superiores existem, mas o homem em geral neste mundo não tem conhecimento delas. Somos empíricos e temos algum conhecimento, mas só em um grau e em um nível particular. Não podemos nos aventurar e calcular o que está além de nosso alcance. Mas se aqueles que realmente expererimentam equele plano vierem a nós e nos derem alguma informação, poderemos fazer uma comparação: "Este cavalheiro com uma experiência particular do éter escreveu deste modo, outro cavalheiro que tem experiência também sobre o éter escreveu de outro modo". Desta forma, ganharemos alguma compreensão de suas investigações e de sua conexão real com o tópico tratado.
No setor daqueles que investigam com telescópios, podemos fazer uma comparação sobre seus achados. As experiências de um investigador com seu telescópio são de certo gênero e também podemos aprender das experiências de outros com seus telescópios particulares. Com a informação para nós disponível das relações existentes com seus telescópios e experimentos, seremos capazes de concluir que um certo telescópio era mais poderoso em um campo em particular, que outro o era em outro campo, etc.. Assim temos uma capacidade limitada de comparar o que foi descoberto além de nossos sentidos, por meio de telescópios, mesmo que nós não tenhamos esse instrumento.
O tema das coisas superiores descobertas pelo "telescópio mental" ou o "telescópio da alma" é dado pelas Escrituras. Tal assunto é conhecido pelos santos e devemos obter sua ajuda a fim de que possamos entrar em sua terra. No presente não estamos em posição de ter a experiência do plano superior, mas logo, com a ajuda dos santos e das Escrituras, quando nós mesmos tivermos esse tipo de telescópio, seremos capazes de ter tal experiência superior, sve svehadhikare ya nistha, sagunah parikirtitah. "Prestar atenção a teu próprio plano é admirável", acintyah khalu ye bhava, nastam tarkena yojayet, "não permitas que o espírito argumentativo obscureça tudo". O argumento não é tudo: este não deve ser o recurso de toda crença. O reino espiritual é acintya, inconcebível, mas ainda assim devemos tentar entender as coisas de acordo com nossa capacidade, fé e realização. Acima de tudo temos que ajustar dentro de nossa mente que a doçura é doce e que a verdade é certa: por mais poderoso que pareça ser, não deveríamos aceitar nenhum tipo de padrão daqui para aplicá-lo nesse domínio superior. Se alguém não tem olhos, mas outro pode ver, o homem cego naturalmente buscará ajuda daquele que tem visão. Estamos também cegos para ver o que há dentro de nós mesmos, de outra maneira, qual seria a necessidade de consultar um médico? O médico pode ver o que nós não podemos, ele dará um diagnóstico e logo nos submeteremos a um tratamento. Naturalmente temos respeito por ele e lhe damos algo por sua assistência. Isso é razoável.
O Guru é o médico especialista e entenderemos sua capacidade quando vemos que o que ele diz é real e não imaginário. Dita visão dependerá do grau de melhora do olho. Se alguém que é cego é tratado por um médico competente, ele gradualmente perceberá diretamente, "sim, agora começo a ver algo. Agora tenho alguma experiência visual". Desde esse momento não lhe importaram mais as opiniões especulativas de outras pessoas cegas, pois obteve sua capacidade direta de ver. Advindo-lhe a visão, ele pode entender que a aplicação da medicina tem um efeito verdadeiro.
O entendimento científico é semelhante. Antigamente, quando Faraday descobriu a eletricidade, muita gente zombava: "Que é isto? Isto é simples curiosidade. Que utilidade há nesta eletricidade?"
Uma vez li um relato de Faraday demonstrando que em um experimento o efeito de seu descobrimento. Ele gerou eletricidade com uma máquina e logo mostrou como pequenos pedaços de papel eram movidos por essa corrente elétrica. Muitos ficaram satisfeitos ao ver o novo descobrimento, mas então uma dama comentou: "Mas depois de tudo isto, Senhor Faraday, que benefício prático obteremos deste jogo de luxo?" Faraday respondeu: "Madame, por favor, poderia dizer-me qual é a utilidade de um bebê recém-nascido?" Seu argumento era que, quando um bebê nasce, devemos cuidar dele, depois, quando cresce sua energia será posta a trabalhar utilmente. Da mesma forma, alguém pode considerar que a consciência de Deus é somente um luxo, uma moda, ou semelhante a um jogo, que isso não tem uma aplicação prática ou utilidade direta. Mas, quando a consciência de Deus se torna intensa, aqueles que a experimentarem observarão que todas as outras atividades, por muito importantes que pareçam, não têm valor. Por que? Porque em essência queremos viver, não queremos morrer.
Viver é a necessidade primordial e a necessidade geral de todos nós. Nada pode negar que queremos viver, e não apenas viver, mas viver felzes, apropriada e conscientemente. Além disso, queremos evitar toda a aflição, miséria, etc.
Quando a consciência de Deus surge em alguém, ele pode ver claramente: "Por que todo o mundo está ocupado com a caça do ganso selvagem neste mundo material?" Todos querem felicidade mas estão correndo atrás de uma fantasmagoria imaginária.
A felicidade não pode estar nas coisas mortais. Estamos fazendo uma transação com o mundo mortal, mas isso não pode trazer satisfação; isto só desperdiçará a nossa energia. O que obtemos de um lado, desaparece do outro. Um homem sábio não deve aceitar, nem tolerar este tipo de desperdício de energia como princípio da vida. A pessoa sábia pode ver outro plano de vida. Pode ver que ele não é um sujeito deste mundo mortal, que é como um lugar de jogos. Ele dirá: "Sou imortal. Sou membro do mundo eterno, mas de algum modo caí nas redes deste aspecto mortal de existência".
"Assim, tão logo possa, vou me safar desta conexão e então me situarei em uma posição normal". Entenderá que ele mesmo, sua alma, seu sentimento, seu pensamento, é um membro de outro lugar, mas que ficou preso neste mundo mortal produtor de dores. Este é um mundo mierável. Com a força de sua realização ele pode fazer progresso até o plano imortal.
Uma prova positiva virá para nós quando sentirmos com segurança: "Agora vejo e escuto estas coisas e esta experiência é absolutamente mais real que o mundo ao meu redor. O mundo é vago, mas o que agora vejo e escuto é mais real que isso".
Uma comunicação direta é possível com a alma, com Deus e com a terra de Deus. Onde hoje em dia estamos vivendo, é o plano das transações indiretas: primeiro o olho, o ouvido, etc., recolhem a experiência, em seguida esta vai à mente antes que nós tenhamos a experiência deste mundo. Mas no caso da alma, podemos sentir tudo diretamente nós mesmos, sem a ajuda de nenhum intrumento.
Através do microscópio podemos ver uma coisa, e através dos olhos vemos outra coisa. Há uma diferença. Através dos olhos, os ouvidos, etc., temos alguma experiência deste mundo, mas em relação à alma, se podemos nos afastar do "progresso" no lado negativo, seremos capazes de sentir: "Oh, Esta é a natureza da alma". Sentiremos diretamente quem somos, sem ajuda de nenhum instrumento.
A alma pode ver a si mesma, pode enfocar a si mesma e através da introspecção realizará sua natureza mesma, sem a ajuda de nenhum outro instrumento, perceberá todos os conceitos de si mesma diretamente. Ela entenderá sua própria terra: Ela obterá a concepção de um tipo de lugar mais elevado. Nesse lado positivo, ela descobrirá: "Eu não morrerei!"
O plano material é o plano pervertido e de concepção errônea, mas no plano superior não há a falsidade. Uma vez que formos admitidos lá, nossa concepção ainda que parcial, será clara e certa. Quem quer que tenha essa experiência ficará convencido e determinado a seguir adiante.
Sócrates pôde sentir que a alma é imortal. Tão intenso era seu sentimento que ele não deu nenhum valor à própria vida neste mundo terreno. Ele desdenhosamente se desconectou deste mundo e, com grande convicção, sabia que a alma era imortal. Cristo estava também tão convencido de seu Senhor que não lhe importou a felicidade e os prazeres deste mundo. Ele os depreciou totalmente.
Há muitas coisas invisíveis para os olhos físicos que são visíveis para os olhos do conhecimento. Devemos admitir que os olhos do conhecimento podem ver muitas coisas que os olhos físicos não podem. Existe uma visão profunda, por meio da qual podemos ver as coisas de um modo diferente, com mais esperança. "Venha e veja!" Um olho não pode ver quando está coberto por uma catarata, mas quando a catarata é removida, o olho pode ver. A ignorância é como uma catarata em nossos olhos, que nos causa cegueira. Nossa visão é só superficial, mas uma visão mais profunda observará muitas coisas. Esse olho, apoiado pelo olho do conhecimento, pode ver muitas coisas, cada vez mais profundas.
Nossa visão aparente não tem valor. O valor real está presente na capacidade de ver com profundidade. Todos são iguais, mas há diferença na capacidade do ilustrado, do erudito, do sábio imutável em ver. Há uma gradação de acordo com a capacidade de ver em cada um.
Da mesma forma, a partir do entendimento de que nós somos partículas de consciência, podemos buscar um plano de super-consciência, superconhecimento e super-existência. Desta forma, progredimos até a causa última, a fonte de tudo. Mas não podemos ir conforme nosso próprio capricho e vontade, algum tipo de ajuda proveniente daquele plano é indispensável. Referida ajuda vem na forma do Guru, dos vaishnavas e outros agentes desta terra. Com sua ajuda faremos um progresso sincero até a meta.
No presente estamos como se fôssemos monarcas de tudo que conhecemos, mas o que conhecemos é totalmente transitório, mortal e submetido à lei de ação e reação. Se observarmos cuidadosamente, veremos que tudo isto está sob a égide da ação e reação. O que nos satisfaz hoje em dia, logo se converterá em dor, em consequência devemos buscar uma boa posição em algum outro lado, um lugar bom para construir nosso lar onde quer que seja. No curso desta busca entenderemos que temos nosso próprio lar e que o mesmo é perfeito.
"Lar! De volta a Deus, de volta ao lar, doce, doce lar". Este tipo de sentimento encontraremos dentro de nós se formos afortunados de nos concederem uma pequena participação, por graça dos recrutadores daquela terra: os agentes do Senhor. Seremos levados a esse lugar apropriado e ganharemos um tipo de concepção familiar sólida de que é o nosso verdadeiro lugar. Desta maneira progrediremos até aquele lado.
No começo podemos pensar que estamos caminhando para uma região desconhecida. "Inumeráveis entidades vivas estão aqui, ao meu lado neste mundo, mas onde estou tentando ir é incerto, muito imaginário, abstrato". Não obstante, quando começarmos nossa viagem, gradualmente entenderemos que quase toda a existência está naquele lado, no lado onde tudo é verdadeiro. Entenderemos que este lado material é muito escasso e limitado, que aqui há somente uma minúscula representação da verdade.
Podemos pensar que a maior parte da existência está aqui e que só umas poucas almas especiais vão para o mundo imortal, tais como Sócrates, Maomé, Buda, etc. Mas, gradualmente, compreenderemos que o mundo superior é infinitamente maior que a porção de terra que aqui vemos. Gradualmente entenderemos que em um país muita pouca gente está confinada em hospitais e prisões e estão sofrendo. Do mesmo modo, só poucas pessoas estão aqui neste plano mundano como castigo. À medida que se compreende isto, sentiremos mais coragem para prosseguir e com uma velocidade maior correremos para o nosso lugar. "Vamos a caminho de casa e, quanto mais entendemos sobre aquele lugar, nossa velocidade aumentará mais e mais: Oh, aquela é minha terra natal!"
Atualmente estamos fora de nós mesmos e nossa mente também está focada no exterior. Movemo-nos desesperadamente. Nossa esperança está sómente na graça dos agentes divinos. Eles vêm, nos elevam e dão conselhos. "Que está fazendo? Não vá para esse lado. Essa é a terra do perigo, a terra da morte. Vem junto comigo. Eu o levarei à terra do eterno néctar". Esses agentes vêm para nos despertar do nosso sono, da nossa ignorância insana. Eles são os vaishnavas e eles nos dão as Escrituras, as quais proporcionam a história da terrra do outro lado e dos santos que para lá vão. Através das Escrituras, nossa fé gradualmente se desenvolverá e aumentaremos a associação com os sadhus. Ao fazer isto conseguiremos um progresso mais rápido. O próprio sentimento de união é a garantia de que estamos fazendo um progresso real ou não. Hrdaye nabhya nujñato. Receberemos aprovação a partir do próprio coração que estamos fazendo um progresso real. De outra maneira, um homem pode estar sendo levado enganosamente em uma direção particular, frustrando-se após algum tempo, pois baseado em uma relação não é genuína, falsa, um engano. No homem religioso muitas coisas se passam como se fosse um comércio, mas isto não significa que a realização verdadeira e a emancipação não existam. Hrdaye navhya nujñato, a garantia última é a aprovação do próprio coração. "sim, realmente é isto que eu quero. Das profundezas do meu coração sinto o desejo de seguir e compreender que tal progresso é possível".
Na Índia há uma história de um ganso que, ao observar os testículos de um touro em movimento, pensou que eram um peixe, e que em um momento determinaldo, o peixe cairia. Deste modo caminhava atrás do touro pensando que um dia conseguiria seu pescado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário