PÓ
É o pó que passa no gargalo da ampulheta
E nos avisa que o tempo passou, passa e passará.
E é em pó que no tempo passado se transformará
Nosso corpo físico e toda a nossa silhueta...
Com o pó cósmico, portanto, nos encantemos,
Pois é nele que todos nós retornaremos!
A criança na praia brinca com o pó da areia,
E é de pó de pólvora que a violência incendeia.
Viciam-se os coitados com o pó da cocaína,
E assassinos matam com o pó de estricnina...
Há o pó que mata - e o pó que salva,
há o pó de sabão que faz a roupa alva,
E o pó de giz com que o professor ensina...
Quisera, pois, ser pó e não este ser inteiro
Que de tão complexo me torno insensível
Aos pós de vida que aos milhões regurgitam.
Quisera ser o pó anônimo de um canteiro,
Um só pó desses que no Universo se concitam
A criar a Vida, a Morte e também o Impossível!
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